janeiro 02, 2013

And the winner is...

A real é que eu sempre achei cirurgia de redução, passar zíper na boca, botar balão no estômago, ou qualquer coisa do gênero, o fim da linha. O fundo do poço.
Coisa pra acomodado que quer tudo fácil ( e que mal há nisso?) ou pra fracassados, losers.
Quando me vi cogitando, digo, considerando PRA VALER, fazer algo do tipo, me senti a mais incapaz, fracassada, derrotada das obesas.
Fazer uma cirurgia, botar um balão, é assinar um atestado de incompetência !!!

Logo eu que sempre me senti capaz de controlar a comida quando eu quisesse...sempre achei que era só a motivação que faltava.... que um belo dia tudo iria começar a mudar.
EI! Isso parece papo de quem bebe ou fuma, que se convence e tenta convencer os outros de que tem o controle.
E no final dá no mesmo.
Qual a diferença? Fumar, beber, comer.... são atos orais, repetitivos, altamente associados à ansiedade, prejudiciais à saúde física e mental.
Um dia o pulmão reclama, o figado reclama, ou o corpo todo reclama.
Obesidade parece coisa de preguiçoso, desleixado. E no fundo no fundo é o que sempre achei. Sempre concordei que sim, eu podia fazer melhor, eu podia fazer diferente, podia mudar o jogo.
Talvez amanhã.. ou depois....

Mas, se EU PODIA, porque não fiz?
Será que podia mesmo?
E me sentia desesperada. E se já for diabética? e se já tiver as coronárias entupidas?
Quem mandou ganhar peso tão rápido?

Nessas pesquisas todas vi um slideshare que mostrava os mitos da obesidade.
Obesidade é um defeito de caráter, um defeito do controle da fome e da gula.
Bingo ! Tava falando de mim!
Foi difícil aceitar que é um mito.
Foi libertador, uma maravilha aceitar que é um mito!
É uma doença gente, uma doença. A culpa não é 100% minha!
Que alívio...

Passado esse processo todo.. com análise, irritação, choro, desânimo, muita comida e alguns quilos a mais depois, decidi aceitar que a medicina tem os recursos e eu posso e mereço usá-los para combater essa doença ( e todas as outras que ela traz na bagagem ). Porque não?
Meu coração já queria o balão. O caráter não-mutilador dele me atraía. Era como uma segunda chance sem ter que arrancar um pedaço de mim, que, infantil, não era capaz de me conter ( olha o mito ainda rondando ).
Ok, era caro demais.
Ok, era temporário e o risco de ganhar tudo de novo, muito grande.
Ok, meus amigos médicos discordavam ( faz logo a bariátrica! )

Mas meu coração tinha a certeza de que eu iria ser diferente das estatísticas. Que eu iria perder peso e manter a perda após retirar o danado.
Ingenuidade? Ilusão?? Tava me enganando? Sendo condescendente?

Muitas sessões de psicanálise depois... ok ok.. tou preparada, motivada, consciente e decidida.
É você balãozinho, o escolhido do meu coração, ops, do meu estômago.
Vocês dois ficarão juntinhos por vários meses..

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