março 13, 2017

Nos dias seguintes

Aos poucos fui fazendo coisas "banais" e cada uma delas comecei a saborear.
Com que alegria eu conseguia pegar minha própria água, escolher minha própria roupa, tomar um banho em pé!
Apesar do médico ter pedido só dois dias de repouso acabei ficando mais tempo deitada porque tudo  me cansava. Absolutamente tudo.
Aos poucos fui mudando esse padrão de levanta-faz uma coisa-deita-levanta-faz outra coisa..
Perdi músculos demais. Era visível. Inclusive dava pra ver bem a diferença nos músculos das duas pernas. A que foi afetada estava bem mais fina. Não chegou a atrofiar demaaaais porém dava pra perceber.
Que longo trabalho pela frente!
Mas sabe que não fiquei me maldizendo? Só agradecimentos..muito...sempre
Mesmo com as sequelas.

Bom, vamos a elas.
A dormência "em short" mudou logo no dia seguinte à cirurgia. Ficou só de um lado. Engraçado, no lado oposto ao do nervo afetado.
E foi mudando...mudando..mudando. E toma-lhe corticoide.
Por causa deles muito dessa dormência melhorou. Não 100%, infelizmente.
Nos primeiros dias eu e meu namorado riscávamos a minha pele pra marcar onde estava alterado e no dia seguinte a gente checava a melhora.
E todo dia um pouquinho mais ia voltando à vida, graças a Deus.

Outra coisa que aconteceu foi no meu jeito de caminhar. Fiquei mancando. Bastante. Muita fraqueza na perna afetada. E não dava pra firmar os pés no chão porque os dedos dos pés ficavam contraídos curvados pra baixo.

Ah sim! Outra coisa, muito importante!
Com essa história da dormência (falaram em síndrome da cauda equina) eu fiquei absolutamente sem sensibilidade ou controle da saída da uretra, dos músculos do períneo e vagina, e do ânus....

Jesus Misericordia mil vezes!!!
Não dá pra explicar, descrever ou desenhar a sensação de sentir tudo morto. Você sabe que está ali mas não parece que é seu. Não mexe, não dói, não faz nada.
Resultado: fiquei incontinente. Nem os gases eu conseguia segurar. Que tal?
O que será de mim agora??? Será que isso vai passar? Vou ter que usar fralda? Rolha no anus? O que sera da minha vida sexual??

Na primeira noite usei fralda geriátrica. Não teve jeito.
Era de chorar.
Como foi dormir ao lado do meu namorado usando uma fralda geriátrica? Melhor não perguntar..

Sabe o conflito entre estar feliz por não ter dor e ter mais uma chance mas ao mesmo tempo ter que lidar com esse tipo de sequela?
E vinha também uma culpa imensa por sentir tristezas. Por me sentir fraca diante dessas coisas.

E pra completar a cereja do bolo foi uma trombose hemorroidária. Sim, do grande esforço pra urinar nas primeiras 24h, resultou isso. Foi força viu?!
Então, eu que passei sem sentar (só deitada ou em pé) entre abril e junho, e depois mais dois meses só deitada, achava que ia poder sentar? Sabe de nada inocente! A trombose não deixava. Nem era dor porque estava tudo dormente (mais uma coisa pra agradecer porque dizem que dói muito!) era um bolo grande que incomodava sentar.
E da-lhe banho de agua morna e pomada e paciência.

Enquanto isso fisioterapia, caminhadas leves dentro de casa, cochilos durante o dia e noites em claro.
Pois é. Meu sono virou uma bagunça.
Antes não dormia por causa da dor. Lembro que um dia fiquei no chão da sala de madrugada me contorcendo de dor mesmo usando compressa morna e tramal. Nesse tempo ainda andava um pouco.
Logo depois disso a dor evoluiu ao ponto que 4 segundos em pé já causava a dor do espeto quente da perna até o pé. E logo depois, nem deitada a dor passava.
Enfim, voltando ao sono, antes não dormia de dor e depois não dormia porque o sono só vinha de dia.

Outra coisa que aconteceu, que não chega a ser uma sequela, foi uma infecção urinária que tive logo depois da cirurgia.
Tá bom né universo?! Chega de tanta coisa.
Já basta o cheiro horroroso que os remédios deixavam na minha urina..ainda tinha que infeccionar?

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